1.0 turbo: testamos kit que promete mais 80% de força por R$ 3.500

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A Volkswagen apresentou semana passada o up! TSi, o primeiro 1.0 flexível, turbo de fábrica. Tecnologia pura a serviço do consumidor, atendendo à emissões e com a patente de ser um dos carros mais econômicos do País. Há algumas semanas, o telefone da redação da FULLPOWER tocou e um tal Sr. Miguel Dell’ Agli, de conversa boa, bem humorado, sugeriu nos apresentar o E-DRIVE, um equipamento que usa turbo e eleva muito o torque e a potência de motores de baixa cilindrada (1.0 e 1.4) e que promete custar apenas R$ 3.500 para o consumidor final. Seria essa a alternativa para quem ainda não pode pagar os mais de R$ 43 mil pelo up! TSi?

Com a pergunta na cabeça corremos para São João da Boa Vista, interior de São Paulo, onde fica a sede da Biagio Turbos, empresa de Miguel. Antes de sentarmos à mesa para uma reunião e conversarmos sobre o equipamento, ele nos deu a chave de um Fiat Siena 1.0 e falou para pegarmos a estrada. Entramos no carro carregado de passageiros e sentamos o pé, sem dó. O sedan mostrou fôlego de motor grande, subiu ladeiras em quinta marcha e atingiu velocidades capazes de mandar a CNH para o espaço! E tudo isso sem vestígios: carro silencioso, escape original e, após quilômetros rodados, o ponteiro do combustível nem se mexeu. Milagroso, não? Para completar o teste, colocamos o Fiat no dinamômetro, que marcou números espantosos: 117 cv e 18 kgfm de força. Em um 1.0 familiar?! Tá de brincation with me, Joel Santana?! Acredite, é isso mesmo.

Como se não bastasse, depois dessa apresentação, o manda-chuva da Biagio contou que os equipamentos debaixo do capô são instalados em poucas horas por um mecânico comum e que até um leigo pode instalar. Aí, é demais! Pedimos o tal kit e descolamos um Fiat Palio 1.0 flex para comprovar toda a história. E fomos além: escolhemos a pessoa que tem menos prática em mecânica da editora, o Diretor de Redação Eduardo Bernasconi.

Quem é o E-DRIVE

Segundo o comandante da fábrica de turbos, eles abandonaram o mercado dos veículos leves e ficaram apenas com os pesados (caminhões) há alguns anos, pois havia muitos turbos montados sem critério fora das fábricas — carcaça de uma marca, rotor de outra… “Depois de colocar o produto no mercado, recebíamos muitas solicitações de reposição na garantia, sendo que os turbos haviam sido totalmente alterados fora da Biagio. A conta era pesada…”, explica Miguel. “Mas, agora, voltamos para fazer algo confiável, que possa ter garantia e funcionar como um veículo zerado da fábrica”, completa ele.

O E-DRIVE vem pronto para ser montado: hardware e software fazem parte do conjunto e não precisam de alteração alguma. E nem devem ser modificados, pois caso aconteça o consumidor perderá a garantia. A wastegate é incorporada no turbo de dimensões limitadas e a pressão de trabalho fica em 0,5 kg, com pico de 0,7 kg. O sistema é lacrado e qualquer alteração entrega quem mexeu onde não devia e elimina a garantia.

Filtro de ar continua o original, assim como o escapamento. Pode-se optar por manter um catalisador ou rodar sem. No 1.0 que montamos, eliminamos o componente.

Mas, o segredo está na tampa em alumínio fundido, criada e desenvolvida na fábrica. Nela há duto de ar, pressurização, suporte do injetor suplementar e fixação da solenóide. Além da aparência de tampa de linha de montagem, trata-se de uma peça funcional que evita canos soldados e horas de trabalho de oficina. Para completar, ela é fixada em pontos originais. Quem abre o motor, tem a impressão de que tudo ali saiu de uma fábrica de automóveis.

Toda a eletrônica OEM também fica intocada, com duas sondas. Mas, uma interface (tipo um piggyback) comanda o show quando necessário. Em baixa rotação, tudo funciona original, sem interferências. Porém, quando o turbo começa a soprar, a nova eletrônica toma conta do pedaço e altera parâmetros de ignição e injeção e, se preciso, aciona até o injetor suplementar. Acredite se quiser, o funcionamento é muito bom, liso: repare nas curvas do dinamômetro.

Como o turbo é pequeno, praticamente não existe o “lag”. No entanto, pelo mesmo motivo, em giro baixo ele rende bem. Já lá em cima não é tão fenomenal assim. Olhe o resultado que obtivemos com o Palio montado no nosso galpão: torque passou de 9,5 kgfm para 16,5 kgfm e a potência foi de 69 cavalos para 111 cv. Na cidade, é o capetinha. Na estrada, te deixa livre de reduções de marcha até em subidas: basta apertar mais o acelerador que mesmo em quinta ele sobe ladeiras numa boa.

O Way deixou de ser flexível e aceita apenas etanol, pelo menos por enquanto. “Estamos desenvolvendo uma E-DRIVE para funcionar com etanol e/ou gasolina em qualquer proporção, mas ainda sem previsão de lançamento”, diz um dos engenheiros da Biagio.

Mão na massa

Munidos de manual de instalação e todos os itens do kit, é hora do show. Cronômetro acionado às 15:00 hs de uma quinta-feira na capital paulista, capô do Palio 1.0 aberto e… Valendo! A desmontagem foi tranquila (confira o vídeo em nosso canal oficial youtube.com/fullpowertv), com destaque para o remoção do cárter colado com silicone de fábrica, pois ele precisa de um furo para o retorno do óleo lubrificante do turbo: foi a parte mais difícil pois insistia em ficar coladinho, mas sem grandes desafios. Remover caixa do filtro de ar e coletor de escape com catalisador integrado foi tranquilo.

Na remontagem, enfiar o coletor já com o turbo no lugar é mais chatinho, pois as ferramentas têm acesso limitado em alguns pontos. Tivemos que passar uma mangueira extra de combustível para o bico suplementar e conectamos o chicote do kit ao original Fiat. Tudo isso foi feito em cerca de seis horas. Eram pouco mais de 21hs e abandonamos o Galpão.

Na manhã seguinte, o cárter furado e com retorno voltou ao seu lugar, devidamente lixado e colado com silicone. Por sorte, o engenheiro Massimo Ambivero (um dos idealizadores do E-DRIVE) e especialistas da Biagio chegaram para uma vistoria antes da primeira partida. O Edu tinha conectado partes do chicote em pontos errados, mas teve uma desculpa boa: o manual ainda não estava claro o suficiente para os mais semianalfabetos mecânicos como ele — até o fechamento desta edição, a fabricante se comprometeu a melhorar o manual e disponibilizá-lo também on-line para revendedores e consumidores terem acesso às informações. Desconecta aqui, coloca ali e estava pronto para dar a partida e ir para o dinamômetro. Foram cerca de 12 horas corridas do início até a medição no dino. Na Biagio, o recordista de instalação é o André Luis “Pulga”: o sujeito leva cerca de três horas para instalar o kit todo. Ninja!

Resumo

Apesar de poucas horas de trabalho, é melhor deixar na mão de quem domina mecânica e/ou preparação para instalar com calma e com cuidado. Fazer em casa exige ferramentas, espaço, tempo e coragem. Elevador é o ideal, mas cavaletes resolvem. Chaves allen, fixa, combinada, L, alicate de corte, silicone de alta temperatura e óleo fino são o básico para tentar finalizar o serviço.

A chance de algo não sair como o esperado e interferir no funcionamento existe. Segundo os fabricantes, a pretensão é vender os kits por até R$ 4 mil, com parcelamento extenso (cerca de 10 vezes) para que isso se torne acessível e seja pulverizado. “Queremos dar prazer ao dirigir. Quem tem um carro popular sabe o sofrimento que é pegar estrada com o carro cheio. Mas, o E-DRIVE pretende tornar essa condução agradável e eficiente. O dono do carro vai visitar a sogra se divertindo ao volante”, diz um dos executivos da fábrica. Esse é o principal objetivo: prazer ao dirigir e instalação simplificada.

Tudo isso é lindo e andamos em três carros (dois 1.0 e um 1.4) que se demonstraram eficientes. Agora, vamos rodar milhares de quilômetros com esse Palio 1.0 para ver se além disso tudo, também é algo resistente. Afinal, ganhar até 80% de performance em poucas horas é sonho de muita gente. Mas, será que aguenta desaforo? Aguenta pé no porão? Fique ligado no nosso canal oficial pois mostraremos testes com o Fiat Palio E-DRIVE.

Redação
Redaçãohttps://www.revistafullpower.com.br
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