Uma célebre frase no mundo dos customizados tem tudo a ver com o projeto deste Plymouth Barracuda 1970: “o customizador é tão bom quanto o cliente permite que ele seja”. Daren Metropoulos, de Connecticut, na Costa Leste dos Estados Unidos, cruzou o país levar seu carro até as mãos de Chip Foose, na Foose Design, na Califórnia, para realizar o sonho de ter um autêntico Foosificado.
E o próprio Daren começou a brincadeira: mostrou um relógio Breitling para o customizador e disse que queria um carro na tonalidade do mostrador, de alumínio anodizado. Foose pediu para ficar um dia com a joia e avisou que seria difícil compor uma tinta que ficasse igual ao tom do relógio de magnata. Resumo: o Breitling ficou com Chip durante seis semanas, até ele conseguir chegar na cor que você vê no carro maravilhoso na foto acima.
Ao vivo, mais parece um camaleão, com várias tonalidades, no marrom batizado de TerraCuda. Ficou tão bom que virou uma das cores da linha assinada por Foose e fabricada pela Basf, nos EUA. Em nossa visita ao Sema Show de 2016, o Chip Foose perguntou se o fotógrafo da FULLPOWER poderia clicar o carro em algum lugar de Huntington Beach, debaixo de sol, para ter registrada essa variação de tonalidades Tivemos de aceitar o pedido e fomos até a praia.
O nosso rolê com o Barracuda durou uma tarde inteira, de trabalho e muita diversão botando pra correr os 525 cavalos de potência no motor V8 6.4 litros, com cabeçotes Hemi e injeção eletrônica sequencial, a gasolina.
Na época, esse 6.4 podia ser comprado na rede autorizada Mopar, dos States, por valores entre US$ 15.700 e US$ 19.000. Foi a escolha de Chip Foose para um motor que funcionasse todos os dias, sem estresse. O câmbio é um Tremec, de cinco marchas e, por incrível que pareça, de acionamento manual, diferente da preferência da maioria dos americanos, pelos automáticos. Como Metropoulos é um colecionador e tem muitos automáticos impecáveis e originais, se era para ousar, que fosse até na transmissão.
A adaptação do conjunto motor/câmbio exigiu algumas mudanças na dianteira do TerraCuda. A suspensão, por exemplo, é de um Corvette C5, para dar mais estabilidade e ficar ao gosto de Chip Foose. “As rodas dianteiras têm um posicionamento esquisito no carro original, ficam muito para fora e adiantadas. Ao adotarmos a suspensão do esportivo da Chevrolet, corrigimos isso”, contou o customizador.
Durante os 17 meses de trabalho de customização foram investidas muitas semanas na área frontal, até alcançar o resultado e estilo desejados. Afinal de contas, as rodas Foose Fishtail seriam bem grandes: aro 19” na frente e 20” atrás. A parte traseira também precisou de um bom tempo para receber a suspensão four-link Art Morrison com diferencial Ford 9” e acomodar os pneus Pirelli P Zero 305/35.
Ao ver o Plymouth prontinho e rodando, é difícil imaginar que se leva tanto tempo para ter algo assim na garagem. Somente nos para-choques, os profissionais da Foose Design investiram 400 horas em funilaria e acabamento! As peças originais foram seccionadas e modeladas com ferramentas de precisão, como martelo, solda, serra… E isso nos leva a outro ditado muito comum nas oficinas: “Sobrou, cortou. Faltou, soldou!”.
Após chegarem a um veredicto sobre o formato e posicionamento dos dois para-choques, agora mais rentes à carroceria, outro trampo pesado: antes do cromo, cada um tomou de 12 a 16 banhos de cobre até ficarem impecáveis para cromação. Entre um banho e outro, o lixamento fino e cuidadoso mostrava se a superfície estava perfeitamente lisa ou se ainda era preciso trabalhar nela.
A própria carroceria, irmã gêmea dos Dodge Challenger que vieram depois do Cuda, exigiu atenção. Fixada a uma rotisserie, aquelas que giram o carro para se trabalhar de cima a baixo, tudo foi alisado. Como em todo carro de Chip Foose, as maçanetas nas portas saíram de cena. As lanternas foram levemente embutidas e o assoalho foi modificado para esconder abafadores e outros componentes que querem aparecer onde não devem. E todo trabalho é de uma qualidade impressionante, muito delicado e extremamente bem-feito.
Pouco mais de um mês foi gasto na preparação para a pintura. Em seguida, o Cuda recebeu cor e polimento, trabalho que levou outras semanas, com direito às faixas e pinstriping em duas cores, que também valorizam os detalhes da criação de Chip Foose.
Interior a la Chip Foose
Tanto investimento do lado de fora significa ter um interior igualmente incrível. Chip Foose tem patrocínio dos bancos Cobra e gosta de usar a linha de fibra de carbono. Apesar de ser um material que vale a pena deixar à vista, o carbono foi coberto com couro — o mesmo utilizado nas Ferrari —, importado da Itália especialmente para o revestimento de painel, portas e assentos.
O encosto dos bancos, onde não há revestimento, também foi pintado no marrom TerraCuda. Os carpetes do assoalho e tapetes foram feitos à mão, com espessura dantesca, que bem poderia virar um cobertor lá em casa. Sem miséria! Os fãs de tecnologia e aparatos especiais vão gostar do controle remoto para abrir portas e tampa do porta-malas. O capô é aberto manualmente, pelo lado de fora (não há alavancas internas para liberá-lo). Há quem prefira manter as maçanetas a correr o risco de ficar fora do carro, caçando o cabo de emergência para abertura. Mas, o sistema não titubeou em momento algum durante as fotos.
Tudo isso pode parecer história de pescador, daquele que pegou um peixe gigante, nesse caso, muito valioso! Mas, essa é a realidade de um customizado com preocupação nos detalhes e investimento praticamente infindável: um carro que acelera, freia, faz curvas… Que funciona mesmo! E ainda tem estilo, exclusividade e a assinatura de Chip Foose.
Ficha técnica – Terracuda Chip Foose
Motor: Oito cilindros, 6.4, 16V, OHV
Alimentação: Injeção eletrônica, gasolina
Potência: 525 cv
Torque: 68,5 kgfm
Transmissão: Manual, cinco marchas, tração traseira
Freios: Dianteira e traseira: discos ventilados
Pneus: Dianteira: 245/35 / Traseira: 305/35
Rodas: Dianteira: aro 19” / Traseira: aro 20”
Upgrade: Chassi, funilaria, pintura, motor, câmbio, suspensão, rodas, pneus, freios, escape, bancos, revestimento interno, painel, som
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