Vip Lounge – Mercedes-Benz V8 Biturbo ganha veneno eletrônico para beirar os 700 cv, rodas e pneus 20”, molas esportivas… Virou um lounge sobre rodas!
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Parece até arrogância: pegar um CLS 63 AMG 2012, avaliado perto dos R$ 500 mil, partir para uma preparação eletrônica para ganhar 120 cv (originais são 557 cv), trocar rodas e pneus, enfiar molas para deixá-lo mais baixo e passear como se fosse algo comum. É quase uma molecagem! Só que não. O proprietário dessa nave tem 75 anos de idade e roda com juízo neste e em outros turbo preparados!
Um sujeito macho o suficiente para pegar um Mercedes-Benz deste ainda na garantia e começar a modificar é um exemplo a ser seguido! Um brinde a entusiastas como este paulistano que prefere não se identificar. Ele já teve outros MB, mas esse foi adquirido há poucos meses e na primeira semana com o carro parou na Flash Wheels (SP) e enfiou um jogo de rodas e pneus de 20”. Segundo Alexandre Barros, especialista responsável pelo projeto, o dono é modesto no pedal do acelerador, mas gosta de rodar com estilo. Além disso, o cara não queima seu dinheiro suado: em vez de comprar um kit de emblemas nas concessionárias brasileiras, achou em lojas da marca, no Japão, o set completo cinco vezes mais barato do que vendido aqui. Comprou na hora e, ao chegar à Flash, removeu os logos originais e colocou os novos, pintados de preto. Os frisos do cupê quatro portas, de 4,99 metros e 1.881 kg, também estão negros. Tudo para combinar com as rodas de miolo pintado e bordas polidas.
Ao buscar o carro na loja paulistana, a altura desagradou. “Está bonito, mas tem que socar no chão”, falou o feliz senhor. Que entre em campo um jogo de molas para trabalhar com a suspensão eletrônica do CLS. O kit baixou a carroceria em quase quatro centímetros e os sistemas que regulam a suspensão de dentro do carro, tornando-a mais suave e lenta ou firme e rápida (modo Sport Plus), continuam funcionando perfeitamente. Mesmo com pneus mais baixos (veja ficha técnica), ainda há muito conforto.
Depois de passar anos em busca de uma preparação eletrônica pelo Brasil todo em outros carros que já teve, o dono da Meca desmontou o módulo, colocou embaixo do braço e levou para o pessoal da RENNTech, na Flórida (Estados Unidos). Durante um almoço com os profissionais da empresa, fundada por um engenheiro alemão que fechava os motores dos AMG décadas atrás, a central eletrônica estava modificada e garantiria 120 cv extras para o V8 Biturbo (código M157, substituto do aspirado de 6,2 litros, M156). Ele não via a hora de voltar, instalar e acelerar seu MB. Com as mudanças em curva de torque e potência, modificações nos padrões de temperatura e aumento da pressão do turbo de 1,0 kg para 1,2 kg, um novo jogo de velas também seria preciso. Esse upgrade de performance custa cerca de R$ 7.500 e vem com uma chave para trocar as oito velas novas. O limite de giro também cresce em 150 rpm em todas as marchas.
Acredite se quiser, apesar de estarmos falando de quase 680 cv e mais de 85 kgfm de torque, este CLS pode fazer 10 km/litro da nossa gasolina! Original, ele é mais de 30% mais econômico que o antigo V8 aspirado. E acelera mais: agora preparado, os 100 km/h chegam em 4s (!) e rasga os 300 km/h, pois não há limitador eletrônico de velocidades.
O “Vô”, como o proprietário do carro é carinhosamente chamado pelos amigos, não chega nem perto disso, pois gosta mesmo é de usar o controle de arrancadas original do carro. Nesses pulos, basta segurar pedal de freio e acelerador pressionados ao mesmo tempo que, mesmo com controle de tração acionado, o cupêzão lixa com força de traseira e levanta fumaça. Até terceira marcha, o Vô tem peito de sobra! Depois disso, ou seja, enfiar de quarta até sétima no automatizado de dupla embreagem, é pedir demais. Ainda assim, tanta disposição e gosto por modificados aos 75 anos é digno de um brinde!
Texto: Eduardo Bernasconi
Fotos: João Mantovani